A moda de rua sempre foi um reflexo das ruas e das culturas ao redor do mundo, misturando influências urbanas com tendências globais. De Paris a São Paulo, a moda de rua se tornou uma força imensa de expressão para todas as idades, incluindo pessoas acima de 50 anos. Mas como exatamente a moda de rua global está impactando a forma como os homens e mulheres acima dos 50 se vestem e se expressam? Para entender melhor essa tendência, conversamos com o renomado designer e influenciadora Emily Torquato, conhecida por seu trabalho inovador no universo da moda urbana e por sua visão inclusiva sobre estilo em qualquer faixa etária.
Você tem uma visão única sobre como as cidades influenciam a moda de rua, especialmente para pessoas acima de 50 anos. O que você acha que as capitais de moda globais, como Paris e São Paulo, têm a oferecer para essa faixa etária quando se trata de moda de rua?
[Emily Torquato]: Para mim, o estilo de rua é uma forma de expressão que transcende gerações. Em cidades como Paris e São Paulo, há um conceito muito claro de “estilo pessoal”, e essa ideia é perfeitamente adaptável para pessoas de qualquer idade. Paris, com sua elegância clássica e minimalista, oferece uma base sólida para aqueles que desejam um estilo mais sutil e refinado. Já São Paulo, com seu mix vibrante de cores, estampas e influências de streetwear, proporciona mais liberdade para aqueles que buscam um visual mais ousado e descomplicado.
Quando falamos de pessoas acima de 50 anos, o que vejo é uma conexão direta com essas influências globais, mas com um twist: a busca por mais autenticidade e conforto. Não é sobre seguir o que está em alta, mas sobre como essas tendências podem ser adaptadas à rotina e ao estilo de vida de cada pessoa, sem perder a essência de quem são.
Isso faz total sentido! Como você diria que a moda de rua parisiense pode ser adaptada para homens e mulheres com mais de 50 anos? Quais são os principais elementos que eles poderiam incorporar?
[Emily torquato]: A moda parisiense é sobre o que eu chamo de “menos é mais”. Ela é sutil, mas extremamente poderosa. Para aqueles acima de 50 anos, eu sempre recomendo peças clássicas e atemporais, como trench coats, blazers bem ajustados, calças de alfaiataria e camisas de botão. O truque é escolher peças de qualidade, que durem por muito tempo, ao invés de se focar em tendências passageiras.
Por exemplo, uma calça de alfaiataria preta de corte reto, combinada com uma blusa branca de seda e um trench coat de tom neutro, pode ser a base de um look muito sofisticado. Para dar aquele toque de modernidade, eu sugeriria adicionar tênis brancos minimalistas. Eles são super confortáveis, e a ideia de misturar elementos esportivos com algo mais formal é uma tendência global que está super em alta.
Interessante como você mescla elegância e conforto. E no caso da moda de rua em São Paulo, como você vê as pessoas com mais de 50 anos incorporando essas influências mais vibrantes e ousadas?
[Emily Torquato]: São Paulo é uma cidade que respira energia e autenticidade. A moda de rua paulista é sobre ousar e se expressar de forma única. Para os 50+, eu diria que a chave é encontrar aquele equilíbrio entre o que é confortável e o que é interessante. Não é necessário se jogar em todas as tendências do momento, mas sim adaptar aquelas que falam mais ao seu estilo pessoal.
Eu adoro quando vejo homens e mulheres com mais de 50 anos usando camisetas estampadas, jaquetas oversized ou até mesmo sneakers coloridos, porque essas peças adicionam um toque de irreverência ao look. É importante não ter medo de adicionar cor ao visual, algo que a moda paulistana faz muito bem. Claro, tudo deve ser feito de forma equilibrada. Um look com uma camiseta gráfica pode ser combinado com uma calça de alfaiataria ou com uma jaqueta mais clássica para garantir que o visual não fique carregado demais.
Como você vê a evolução da moda de rua para a faixa etária 50+? Quais são as principais mudanças que você tem observado nos últimos anos, especialmente em relação à aceitação do estilo de rua para pessoas mais velhas?
[Emily Torquato]: A maior mudança que observei é a forma como a moda se tornou mais inclusiva e democrática. Não há mais um código rígido sobre o que “deveriam” vestir as pessoas com mais de 50 anos. As pessoas estão mais conscientes de que estilo é sobre ser fiel a si mesmo, e isso reflete diretamente na moda de rua. Antigamente, existia a ideia de que à medida que envelhecemos, nossos estilos devem se tornar mais sóbrios ou formais. Mas a moda de rua, com suas influências globais, está quebrando essas barreiras. As pessoas estão mais dispostas a incorporar estilos urbanos, expressivos e até irreverentes, independentemente da idade.
Esse movimento foi impulsionado, em grande parte, pelas redes sociais, que têm dado mais visibilidade para pessoas acima de 50 anos que estão adotando o estilo de rua de forma ousada. Além disso, as marcas estão começando a perceber a importância desse público e estão criando coleções mais adaptadas e inclusivas, que atendem a diferentes faixas etárias, mas sem perder o foco nas tendências globais.
Certamente, a moda de rua para 50+ é mais vibrante e inclusiva do que nunca! Agora, você mencionou anteriormente a questão do conforto. Como a sustentabilidade também se encaixa nessa tendência, especialmente para pessoas com mais de 50 anos?
[Emily Torquato]: Eu acredito que a sustentabilidade e o estilo de rua caminham de mãos dadas. A sustentabilidade se tornou uma das maiores preocupações de todos na moda, e isso inclui a moda de rua. Para pessoas com mais de 50 anos, um guarda-roupa sustentável é ainda mais importante, pois significa investir em peças de qualidade que durarão por mais tempo. Ao escolher itens feitos de materiais sustentáveis, como algodão orgânico, linho, ou tecidos reciclados, você não apenas contribui para o meio ambiente, mas também adota uma filosofia de consumo mais consciente.
O estilo de rua não precisa ser descartável. Com a crescente popularidade da moda sustentável, muitas marcas estão oferecendo opções super estilosas e modernas, feitas de materiais éticos e de longa duração. Além disso, o conceito de “slow fashion” também tem ganhado força, que é uma abordagem mais reflexiva em relação ao que compramos e como mantemos nossas roupas ao longo do tempo. E para pessoas de 50+, isso pode ser uma maneira de fazer escolhas inteligentes e conscientes, sem comprometer o estilo ou a elegância.
Para finalizar, Emily, qual conselho você daria para homens e mulheres com mais de 50 anos que querem se aventurar no estilo de rua, mas sem perder a elegância e a sofisticação?
[Emily Torquato]: Eu diria que a primeira coisa é não ter medo de experimentar. A moda de rua é sobre a liberdade de expressão, então, ao escolher suas peças, foque no que te faz sentir confortável e confiante. Comece com peças-chave, como uma boa jaqueta de couro, uma camiseta simples, um par de calças com bom caimento e, claro, um par de tênis estilosos. A elegância vem de dentro, e quando você se sente bem no que está vestindo, isso transparece para o mundo.
Não se limite pelo que a sociedade espera que você use. A moda é uma ferramenta para comunicar quem você é, e a moda de rua tem uma maneira de fazer isso de forma vibrante e única. Então, experimente, divirta-se e, acima de tudo, abrace sua autenticidade! A moda de rua global está aí para todos, independentemente da idade.
A moda de rua global tem sido uma força poderosa para a expressão de estilo, especialmente para pessoas acima de 50 anos. Ao incorporar influências de Paris e São Paulo, homens e mulheres 50+ podem adaptar suas escolhas de moda de rua para refletir suas personalidades, ao mesmo tempo que priorizam conforto e elegância. Como vimos nesta entrevista com Emily Torquato, a verdadeira beleza da moda de rua está na autenticidade e na liberdade de se expressar através das roupas, sem se prender a padrões rígidos de idade. A moda é para todos, e a moda de rua é uma ótima maneira de viver isso ao máximo!